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Norma ESG da ABNT certificará micro e médias empresas

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) acaba de divulgar a Norma Técnica 2030, como prática recomendada. Intitula-se ESG – Conceitos, Diretrizes e Modelo de Avaliação e Direcionamento para Organizações.

É um documento robusto, que teve como base para sua elaboração o Conceito de Valor Compartilhado, lapidado pelos cientistas sociais Michael Porter e Mark Kramer. Partindo deste referencial, o documento absorve as discussões correntes sobre ESG mundo afora. Além disso, integra numa única norma diversas outras Normas chanceladas pela ABNT/ISO.


Os documentos citados para sua elaboração são inúmeros, entre eles normas de gestão de qualidade; gestão ambiental; gestão de riscos; diretrizes sobre responsabilidade social; gestão das organizações.
O Pacto Global e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável compõem também o universo de conceitos e definições deste documento.


A ABNT adverte que as organizações estão operando em ambientes “cada vez mais complexos” e a resposta para este desafio é encontrar o equilíbrio entre as prioridades financeiras e os aspectos sociais e ambientais. A rentabilidade dos investimentos sustentáveis tende a crescer com o tempo. “A Jornada ESG já se tornou um caminho sem volta”.

A jornada ESG – O caminho para as organizações se vincularem a este movimento que busca a sustentabilidade do desenvolvimento econômico passa por transformações das organizações na sua relação com o meio ambiente; com seus clientes e fornecedores e com a comunidade que hospeda o empreendimento.



O passo-chave para a mudança é a governança interna: o comprometimento da alta direção da empresa com todo o processo. Isto inclui a mudança da cultura organizacional e o comprometimento de toda a organização, em todas as fases do seu processo, com as metas e métricas de sustentabilidade socioambiental. A Transparência; a comunicação interna e externa; o respeito e o diálogo com os chamados stakeholders (todos as organizações que se relacionam de alguma forma com a organização) acabam por se reverter em respeito e parcerias construtivas para com a Organização.

Bem implantado, o ESG torna-se uma importante vantagem competitiva para as organizações, como demonstra a figura abaixo.



Com este alicerce, a norma orienta as organizações a seguirem os seguintes passos:

1 – Conhecer a própria organização: seus riscos; seus pontos fracos e fortes;


2 -Ter intenção estratégica: neste momento é importante a Organização rever/redefinir sua missão/visão/valores/ e ter a ambição de se transformar para vencer novos desafios;


3 – Diagnosticar – Neste ponto, o mais importante é fazer o diagnóstico das suas práticas de sustentabilidade identificando o nível de estruturação, os recursos disponibilizados, os processos aplicados e os resultados obtidos até então. Com este mapeamento, a organização pode identificar seus pontos fracos, que precisam ser adequados, e também seus pontos fortes, que servem como impulsionadores para a sua Jornada ESG. A seguir vem:


4 – Planejar – Onde serão levantados os principais fatores de sustentabilidade ambientais e sociais que afetam a estratégia da organização, bem como as principais partes interessadas.

Neste ponto, a norma levanta a questão da Materialidade. A Organização identifica os impactos que causa na economia, no meio ambiente e/ou na sociedade, que por sua vez pode indicar sua contribuição (positiva ou negativa) para o desenvolvimento sustentável

“Em um contexto de visão ampliada do ESG, que inclui o conceito de ‘Capitalismo de Stakeholders’, amplia-se também a visão da materialidade, que passa a abordar o conceito de dupla materialidade. Assim, recomenda-se que seja utilizada a análise da materialidade dentro destas duas perspectivas: impactos que as atividades da organização geram sobre as pessoas, a economia, a sociedade e o meio ambiente (materialidade de impacto) ou impactos relacionados aos riscos e oportunidades que esses agentes podem gerar sobre a organização, afetando sua capacidade de gerar valor (materialidade financeira)”.

Enfim: a materialidade possui mão dupla: a organização tanto influencia como é influenciada pelo ecossistema onde se insere. O conceito de materialidade é chave para entendimento e prática da jornada ESG.


O próximo passo é:

5 – Implementar, relatar e monitorar – Onde todas as partes interessadas (clientes, colaboradores, fornecedores, comunidade, acionistas) devem estar envolvidos. É importante que as ações ESG sejam integradas e que haja constante fluxo de informações entre as partes envolvidas.

Para a realização de todo esta jornada, a norma subdivide os três eixos centrais do ESG ( Ambiental, Social e Corporativo) em temas, sendo que em cada um dos temas há critérios para aferição da sua adesão à agenda proposta.

O Eixo Ambiental, por exemplo, possui cinco temas – mudanças climáticas; recursos hídricos; biodiversidade e serviços ecossistêmicos; economia circular e gestão de resíduos; gestão ambiental e prevenção da poluição. Em cada um dos temas, há critérios de aferição da aderência da prática atual da organização aos princípios da agenda proposta.


Ao todo, a norma propõe quatorze temas e nada menos que 42 (quarenta e dois) critérios de avaliação da prática da organização. Todas as interfaces da organização com o meio ambiente (gestão de resíduos; tratamento de efluentes; poluição), de governança (relação dom fornecedores; critérios de remuneração dos colaboradores; diversidade) e sociais (diálogo social; investimento social privado) são percorridas.

Como forma de orientar seus usuários e ajudá-los na autoavaliação, é proposto um modelo analítico onde são apresentados os estágios de maturidade da organização, abaixo apresentados



Os estágios 1 e 2 revelam a falta de integração da Organização com a Agenda ESG. Só a partir do Estágio 3 que a liderança demonstra que realmente iniciou a jornada ESG.


No estágio 4, a liderança está à frente dos processos de ESG. Ao integrar os temas a uma abordagem estratégica, desenvolve visão integrada para lidar com os temas, articulando sistemas e processos. Nessa fase, a organização usa o ESG como forma de se diferenciar, ao promover inovação tecnológica ou novos modelos de negócio. Práticas nesse estágio possuem objetivos, metas, indicadores-chave do desempenho e monitoramento contínuo.


Será no nível 5 que a organização se mostrará capaz de praticar e influenciar seu meio ambiente com seu compromisso explicito com os ODS.Trata-se de uma jornada que exige liderança firme; integração das ações; boa comunicação; diálogo social e investimento financeiro. Nao é um caminho fácil ou rápido, mas é necessário. Executar esta jornada exigirá uma profunda transformação das organizações interessadas.

Mesmo a norma sendo orientativa, a ABNT irá certificar as empresas interessadas. A tendência do mercado é que as grandes empresas não só venham a aderir a esta agenda como passar a exigir dos seus fornecedores a certificação.


Enfim: trata-se de um passo essencial para quem deseja entrelaçar práticas sustentáveis com a sobrevivência do seu negócio.


Fonte: Diário do Comércio