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Opinião - Transição energética: Oportunidades e desafios para a siderurgia

Este é  um artigo escrito por Antônio Nahas, Presidente da NMC Sustentabilidade Integrativa, publicado no Diário do Aço.  

A transição para uma economia zero carbono está levando a profundas mudanças na estrutura econômica dos países. Os setores produtores de energia fóssil - sobretudo petróleo e carvão - e aqueles que a utilizam, certamente terão que se reinventar. Surgirão também oportunidades mesmo para setores tradicionais, como a mineração e a siderurgia, desde que estes saibam aproveitá-las.

 

Estudo da Fundação Getúlio Vargas (Rumo a Uma Transição Justa: Oportunidade para Minas Gerais), delineia as possibilidades que se abrem para a economia de Minas Gerais com a nova etapa que está sendo vivida pela economia mundial.

De um lado, Minas coloca-se como um grande fornecedor de minerais estratégicos para que a transição energética seja feita. É o caso do lítio, que tem trazido grandes possibilidades de desenvolvimento para o norte de Minas. Outros minerais – granito, grafite, prata, vanádio, cobalto, - também se tornarão necessários para a utilização de novas fontes de energia. Tais minerais serão demandados sobretudo pelos países mais desenvolvidos, o que abre espaço para uma negociação entre países consumidores e fornecedores sobre transferência de tecnologias que impulsionem o desenvolvimento regional e termos de intercâmbio equilibrados e favoráveis, que gerem recursos que possam ser investidos em infraestrutura.

Numa outra vertente, toda a cadeia de valor impulsionada pela siderurgia também será beneficiada, uma vez que será necessário a produção de novos materiais capazes de utilizar as fontes de energia renovável. É o caso da indústria automobilística na transição para o uso de carros elétricos.
Para que esta oportunidade seja aproveitada, será necessário também vencer desafios.

 

“Alternativas como o briquete de minério de
ferro que gera menor emissão de CO2 na siderurgia
passam, portanto, a ter enorme importância”

 

O primeiro deles é que, em termos regionais, os efeitos econômicos desta oportunidade beneficiem também as regiões produtoras, para que não se repitam eventos históricos onde as economias minerais não se diversificam nem se fortalecem com este ciclo econômico. É o caso presente de diversos municípios brasileiros grandes produtores de minério de ferro e outros minerais, cuja economia ainda não se diversificou e que correm o risco de verem comprometido o futuro das gerações que ainda virão.

O segundo desafio é que o processo produtivo destes minerais e bens metalúrgicos seja descarbonizado e ambientalmente sustentável. O Banco Mundial introduziu o conceito de Climate Smart Mine (Mineração Inteligente para o Clima), que garantiria a extração e processamento sustentáveis de minerais e metais, minimizando a pegada climática em toda a cadeia de valor destes materiais. Alternativas como o briquete de minério de ferro que gera menor emissão de CO2 na siderurgia passam, portanto, a ter enorme importância.

O Plano Estadual de Ação Climática cita também a importância do uso de Hidrogênio Verde nos altos fornos das siderúrgicas para diminuição ou encerramento de uso de carvão mineral. O Estado do Ceará candidata-se hoje a ser o maior produtor brasileiro deste produto revolucionário.

Enfim, o mundo está mudando. Há uma revolução tecnológica em curso, similar a tantas outras, que sacudiram o sistema capitalista em nível mundial, gerando crises, riquezas, conflitos e oportunidades.

Estados produtores de petróleo e carvão - Rio de Janeiro; Bahia; Santa Catarina - deverão sofrer os efeitos da redução do consumo de combustíveis fósseis.

Minas Gerais e o Pará podem se beneficiar, reforçar sua indústria e mineração, absorver tecnologias de ponta e tornar-se competitivo em nível internacional. O recém-lançado Plano Estadual de Ação Climática, apontando caminhos para a descarbonização da economia mineira até 2050 veio em ótima hora. Torna-lo uma realidade será um grande desafio para nosso Estado.

* Economista. Participou de diversas administrações municipais em Ipatinga e Belo Horizonte. Atualmente é empresário e gerente da NMC Sustentabilidade Integrativa.