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Opinião: Reconversão Energética Avança na Siderurgia

Este é  um artigo escrito por Antônio Nahas, Presidente da NMC Sustentabilidade Integrativa, publicado no Diário do Aço. 

Dois projetos inovadores estão demonstrando as amplas possibilidades de transformação da indústria siderúrgica rumo à diminuição e até mesmo a não utilização de combustíveis fósseis no seu processo produtivo.   A Vale está desenvolvendo um novo tipo de briquete, que pode ser utilizado como carga nos altos fornos, que permitem a redução em 50% na emissão de CO2. É possível também a redução direta (sem alto forno) utilizando gás natural, onde os resultados são auspiciosos:

Estudos mostram que para cada tonelada de aço produzido no alto-forno são emitidas duas toneladas de C02, enquanto na redução direta, onde utiliza-se gás natural em vez de coque, a emissão de carbono cai para 0,6 a 1 por tonelada", informa o site Notícias da Mineração.


Trata-se de um projeto ainda em fase de testes, que tem sido coroado de sucesso, pois o novo produto tem apresentado resultado melhor que a pelota nos quesitos metalização e desintegração.


"Com o desenvolvimento desse novo tipo de briquete, a Vale dá mais um importante passo na sua contribuição para reduzir as emissões da cadeia da siderurgia por meio da inovação, sempre em estreita colaboração com seus clientes e parceiros desenvolvedores", explica Rogério Nogueira, diretor de Desenvolvimento de Produtos e Negócios da Vale.


Desta forma, a Vale consegue reduzir a emissão de CO2 para seus clientes beneficiando a matéria prima que comercializa, tornando seu produto mais sustentável ambientalmente e aumentando sua lucratividade. Venderá um produto com maior valor agregado a custos competitivos, pois seu beneficiamento na origem reduzirá os custos de transporte.


“A sustentabilidade ambiental dos projetos exige que

seja dada solução não poluente para estes rejeitos”


Na mesma direção, a Boston Metal, uma startup (empresa inovadora, densa em tecnologia com possível crescimento exponencial) criada e desenvolvida dentro do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), desenvolveu tecnologia para utilização dos rejeitos da mineração: "É uma tecnologia revolucionária que pode obter metais a partir do tratamento dos rejeitos da mineração. O processo pode ser usado para tratar qualquer tipo de rejeito e obter metais de alta pureza. Além de reduzir a necessidade de extrair minérios de minas convencionais, o modelo tem baixo impacto ambiental, pois utiliza a eletricidade como fonte de energia, e não carvão ou combustíveis fósseis. Essa tecnologia dá a possibilidade de as siderurgias fabricarem ‘aços verdes', com baixa pegada de carbono", ressaltou o presidente da Boston Metal do Brasil, Itamar Resende, em declaração à imprensa.


Os rejeitos da mineração são aquela parte da jazida extraída para a qual não havia aproveitamento econômico. Para termos ideia do potencial desta iniciativa, basta lembrarmos que a cada tonelada de minério produzida, é gerada também, em média uma tonelada de rejeitos. Com o passar dos anos, estes rejeitos se acumulam gerando pilhas enormes, ou sendo descartados nas barragens de mineração. A sustentabilidade ambiental dos projetos exige que seja dada solução não poluente para estes rejeitos: reduzir sua geração; reaproveitá-los ou reciclá-los.


Agora, a Boston Metal, que será instalada em Minas Gerais na região do Campo das Vertentes apresenta uma solução ambientalmente sustentável e lucrativa. Minas Gerais será o primeiro local do mundo a receber esta iniciativa e a empresa pretende instalar unidades em todo o mundo.


A reconversão energética é um protocolo mundial em plena execução, pois os riscos apresentados pela mudança climática, que levam ao aquecimento do planeta, são cada dia mais evidentes.


Os especialistas acreditam que o próximo passo a ser estabelecido na Europa será a precificação da emissão de CO2 e sua tributação. Para evitar gastos adicionais e continuar sendo competitivas, a reconversão energética está na ordem do dia.


A Usiminas também busca essa mudança. O Centro de Pesquisas da empresa, sempre presente na vida da Usiminas, estuda soluções a serem implantadas oportunamente, quando da substituição dos equipamentos ora existentes, avaliando as técnicas e estratégias de descarbonização. A diminuição da emissão dos gases efeito estufa é uma preocupação recorrente da empresa, que deverá publicar em agosto seu Inventário de emissões de gases de efeito estufa.


Antônio Nahas é Economista. Participou de diversas administrações municipais em Ipatinga e Belo Horizonte.